A Felicidade É Uma Questão de Escolha

Certa vez li em uma revista que a felicidade era mais ou menos como uma cenoura amarrada na ponta de uma vara, que por sua vez estaria presa em nossas costas. Se a vara fosse curta demais, mordiscaríamos a cenoura toda hora, e assim não conseguiríamos ser felizes, pois quem pode ser feliz o tempo todo? De outra maneira, se a vara fosse grande demais, não conseguiríamos morder nunca a cenoura, e a felicidade tornarse-ia algo inatingível para nós, reles mortais. A felicidade está, então, no comprimento da vara.

Este raciocínio é importante porque a busca da felicidade é a meta de quase todas as pessoas que conheço. Algumas são místicas, sempre envolvidas em seus fetiches e mistérios; outras são materialistas, workaholics envolvidas em seus trabalhos o tempo todo e buscando no dinheiro a compensação para suas frustrações. Há ainda os junkies, bêbados e drogados que com suas mentes pilotadas por substâncias que alteram seus comportamentos buscam o prazer rápido e fácil, vivendo na ilusão do mundo mágico onde tudo está resolvido até o dia seguinte, quando a manhã traz a ressaca e a descoberta que tudo está ainda mais difícil. Existem os sátiros e as ninfas, que depositam no sexo todas suas esperanças. Enfim, são dezenas de tipos que, de uma forma ou outra, querem apenas serem felizes, ou, na definição do Aurélio, querem apenas desfrutar de satisfação e ventura, serem ditosos, afortunados e venturosos.

Na verdade, as ferramentas necessárias para sermos felizes estão a nossa volta. Nascemos instrumentados para uma vida plena e feliz, ainda que algumas dificuldades sejam encontradas pelo caminho. Todos nós temos nosso lugar justo e acertado neste mundo, nosso nicho, um espaço peculiar feito sob medida para nosso tamanho. A felicidade consiste em encontrar e reconhecer este espaço.

Quantas pessoas conhecemos que, sob a nossa ótica, tem tudo para serem felizes, mas não o são? Quantas pessoas calcam seu sucesso nos sentimentos inferiores da soberba, da arrogância e da prepotência? Quantos sentem-se eufóricos com a submissão de seus subordinados durante o dia, mas temem a chegada da noite pois o sono é o momento em que ficamos sozinhos com quem verdadeiramente somos? Quantos vivem na ilusão do poder e do ter, quando o que vale realmente nesta vida é o ser feliz?

Felicidade é uma questão de escolha. Ou, como disse o mestre Érico Veríssimo:

Felicidade é a certeza de que nossa vida não está se passando inutilmente.

Caho Lopes
Agosto de 2005

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